quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
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terça-feira, 3 de agosto de 2010
Carta aberta ao Presidente Lula
Carta aberta ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva
Um regime que apedreja não deveria ser reconhecido
Caro presidente Lula da Silva,
Sua oferta de conceder asilo no Brasil a Sakine Ashtiani, sentenciada à morte por adultério, é um passo importante para salvá-la, assim como a seus filhos. Espero que, com os esforços internacionais e com as ações de milhares de pessoas, nós possamos salvar Sakine. Que ela e seus filhos se abracem novamente em breve.
Enquanto escrevo esta carta, vejo à minha frente o rosto de Maryam Ayoubi, que foi apedrejada até a morte em 2001. Vejo os rostos de Shahnaz, Shahla, Kobra e dezenas de outras mulheres que foram enterradas até o peito e mortas por pedras arremessadas contra elas. Eu ainda vejo tudo isso diante dos meus olhos. As vozes das crianças que me ligaram para dizer: “Nossa mãe foi apedrejada até a morte” – ainda consigo ouvi-las. Esse é o regime islâmico. Os governantes do Irã não sobreviveriam um dia sem execuções e terror, sem espalhar o medo. Mesmo que o regime islâmico tenha retrocedido um pouco por conta da pressão em favor de Sakine, ele ainda espalha o medo na sociedade executando outros prisioneiros, especialmente os políticos.
Hoje, dia 2 de agosto, nove prisioneiros foram sentenciados à morte em Kerman. Em Teerã, seis prisioneiros políticos foram sentenciados à morte, entre eles Jafar Kazemi, que pode ser executado a qualquer momento. Zeynab Jalalian, um outro prisioneiro político, também corre o risco de ser morto em breve. Há mais pessoas na lista de execução: Mohammad Reza Haddadi foi setenciado à morte enquanto era menor; acaba de completar 18 anos e pode ser executado a qualquer momento. Há mais de 130 menores na prisão, com penas semelhantes. O regime islâmico é o único do mundo que executa menores.
Presidente Lula da Silva, hoje há 17 famílias de prisioneiros políticos em greve de fome na frente da prisão de Evin, em Teerã. Elas prestam solidariedade à greve de fome que seus filhos começaram lá dentro, dias atrás. Esse é um protesto contra a brutalidade das autoridades carcerárias com os presos políticos. O destino de três jovens alpinistas americanos e as lágrimas de suas mães também entristeceram a população. Esse regime prendeu parentes do senhor Mostafaei, o advogado de Sakine Ashtiani, e os levou como reféns até que ele se entregue.
Presidente Lula da Silva, o Irã é um país com um regime criminoso e brutal. É um regime assassino que deve ser condenado por todas as pessoas e governos. Permita-me, como uma representante do povo oprimido do Irã, dizer que não quero apenas salvar Sakine e abolir o apedrejamento, mas também pedir a todos os líderes nacionais que não reconheçam o regime islâmico como representante dos iranianos, mas sim como o assassino desse povo.
Esse é um regime que apedreja e executa, que prende pessoas todos os dias e corta suas mãos e pés. Nenhum outro governo do mundo realiza tantas execuções per capita quanto ele. Tal regime não deveria ser reconhecido por organizações internacionais ou chefes de estado.
Cordialmente.
Mina Ahadi
Porta voz do Comitê Internacional contra a Execução e do Comitê Internacional contra o Apedrejamento
Fonte: www.veja.abril.com.br
domingo, 11 de julho de 2010
Ainda é nossa!
A Copa do Mundo ainda é nossa!
sábado, 5 de junho de 2010
Três vezes?
Ganhei!
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Changing
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
segunda-feira, 3 de maio de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Barreirinhas
Um deserto às margens da Amazônia. Um verdadeiro santuário. Uma das obras mais lindas de Deus na Terra!
domingo, 25 de abril de 2010
Alimentação
Uma pesquisa chamada de “Investigação Prospectiva Européia em Nutrição e Câncer”, publicada neste mês de abril no Jornal do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, concluiu que o poder de frutas e outros vegetais em prevenir o câncer não é tão grande como se pensava. A pesquisa foi divulgada pelos principais jornais do mundo com um recado desanimador para quem segue à risca a recomendação atual médica de se consumir cinco porções de frutas/vegetais por dia para reduzir o risco de uma série de doenças, inclusive o câncer. O jornal The Guardian publicou: “O consumo de vegetais tem pouco impacto no risco de câncer”; o jornal The New York Timespublicou “O consumo de vegetais não previne o câncer”.
A pesquisa revelou que o consumo de duas porções e meia de frutas/vegetais por dia é capaz de reduzir o risco de câncer em 3% e o consumo de cinco porções diminui esse risco em 9%. A pesquisa envolveu cerca de meio milhão de pessoas de 23 centros de pesquisa e 10 países europeus. Os resultados foram discordantes de pesquisas anteriores que chegaram a evidenciar que o consumo de cinco porções diárias reduz o risco de câncer em 50%. Usando-se um copo como referência, uma porção significa: ½ copo de frutas picadas, ou ¾ copo de suco natural, ou 1 copo de folhas verdes, ou ½ copo de vegetais crus ou cozidos. Com esses novos resultados, ainda faz sentido a recomendação da Organização Mundial da Saúde de “cinco porções por dia”? A resposta é SIM e os argumentos são fortes.
1 - O hábito das “cinco porções por dia” traz benefícios inequívocos à saúde dos vasos sanguíneos, com redução expressiva dos riscos de infarto do coração e derrame cerebral. Essa é a atual recomendação da Associação Americana do Coração. Uma recente metanálise revelou que o risco de derrame cerebral é reduzido em 26% entre as pessoas que consomem pelo menos cinco porções diárias e em 9% entre aqueles que consomem três a cinco porções;
2 - Apesar de essa nova pesquisa ter revelado uma redução de risco de câncer de uma forma geral mais modesta do que se chegou a pensar anteriormente, resultados prévios da mesma pesquisa já haviam demonstrado que as frutas/vegetais têm mais efeito protetor sobre alguns tipos de câncer, especialmente aqueles que têm mais associação com o tabagismo e alcoolismo, como o câncer de boca, esôfago, intestino e pulmão;
3 - O consumo das cinco porções por dia é uma poderosa arma para manter o peso em dia. Vale lembrar que a obesidade só perde para o tabagismo como fator associado ao câncer que pode ser prevenido;
4 - Frutas/vegetais são ricas fontes de fibras, regulam a função intestinal, e é bem reconhecido que podem reduzir o risco de câncer de intestino.
Os resultados dessa última pesquisa não mudam a atual recomendação das “cinco porções por dia”. Os benefícios para a saúde de uma forma geral vão muito além da redução do risco de câncer.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Pau da Bandeira
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O símbolos que se perderam
Muitos símbolos e palavras que conhecemos não foram criadas com o significado que têm hoje. A palavra sacrfício, por exemplo, era a forma que os profetas e patriarcas tinham de falar sobre os atos considerados santos, sagrados (sacro+ofício). Não se referia a penitências e sangue. Sacrificar era tornar santo, atingir uma consciência mais elevada. Hoje, ela tem uma conotação bem diferente. Ela é diferente! Ela é outra coisa, e não há o que mude isso! Por conta de uma transgressão, intencional ou não, da interpretação.
A suástica também (muito discutida hoje por conta do participante do BBB 10). Ela existe há milênios e era utilizada para designar coisas sagradas, religiosas. Em culturas diversas, aparentemente sem relação umas com as outras, elas surgiram e estavam sempre relacionadas à boa sorte e honra (seja com os braços para o sentido horário ou anti-horário). Então, um grupo de pessoas que se reunia para defender o que acreditava ser verdadeiro e bom para seu país e para o mundo, deu origem ao Nazismo e se utilizou da suástica como seu símbolo. Nada mais natural, já que defendiam algo tão nobre (sob o seu ponto de vista, claro). Entretanto, eles foram protagonistas do maior genocídio que o nosso planeta já vivenciou. E o símbolo mudou. Ele é diferente! Ele é outra coisa, e não há o que mude isso!
Então, nós temos que ter cuidado com as bandeiras que levantamos, para que não sejamos confundidos com os que andam na contramão (se é que me entendem). Apesar de nazista significar simplesmente nacionalista, você não se considera um, não é verdade?
Abra os olhos para o real significado das coisas, antes que a ingenuidade das mentiras tome conta de você.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Coca
Lembrei de uma tia, quando eu li. rsrsrs
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O que acontece quando você ingere Coca-cola
Primeiros 10 minutos:
10 colheres de chá de açúcar batem no seu corpo (100% do recomendado diariamente). Você não vomita imediatamente pelo doce extremo, porque o ácido fosfórico corta o gosto.
20 minutos:
O nível de açúcar em seu sangue estoura, forçando um jorro de insulina. O fígado responde transformando todo o açúcar que recebe em gordura (É muito para este momento em particular).
40 minutos:
A absorção da cafeína está completa. Suas pupilas dilatam, a pressão sanguínea sobe, o fígado responde bombeando mais açúcar na corrente. Os receptores de adenosina no cérebro são bloqueados para evitar tonteiras.
45 minutos:
O corpo aumenta a produção de dopamina, estimulando os centros de prazer do corpo (fisicamente, funciona como com a heroína).
50 minutos:
O ácido fosfórico empurra cálcio, magnésio e zinco para o intestino grosso, aumentando o metabolismo. As altas doses de açúcar e outros adoçantes aumentam a excreção de cálcio na urina, ou seja, está urinando seus ossos, uma das causas das Osteoporose.
60 minutos:
As propriedades diuréticas da cafeína entram em ação. Você urina. Agora é garantido que porá para fora cálcio, magnésio e zinco, os quais seus ossos precisariam. Conforme a onda abaixa você sofrerá um choque de açúcar. Ficará irritadiço. Você já terá posto para fora tudo que estava no refrigerante, mas não sem antes ter posto para fora, junto, coisas das quais farão falta ao seu organismo.
Pense nisso antes de beber refrigerantes.
Se não puder evitá-los, modere sua ingestão!
Prefira sucos naturais.
Seu corpo agradece!
sábado, 20 de março de 2010
Nossa turma
Pense BEM
domingo, 14 de março de 2010
O vício do ser humano
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Desertor da trincheira do direito
Desertor da trincheira do direito
Miguel Peixoto
A partir desse momento
Não lhe preocupam mais
As lides processuais
Prescrição, depoimento
Queixa crime, julgamento
A sentença e seu efeito
Quem é o juiz do feito
Qual é da súmula o teor
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Não impetra mais ação
Data venia não diz mais
Embargos também não faz
Nem faz impugnação
Mandado de injunção
Por você não será feito
Não se declara suspeito
Nem contra nem a favor
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Precisa a sociedade
De ação reipersecutória
Ordinária, rescisória
Ou dissecção da verdade
De quem peça a nulidade
Ante o contrato imperfeito
De quem exija o respeito
Ante o agente agressor
Mas você é desertor
Da trincheira do direito
Você correu da tribuna
Não respondeu ao libelo
Em vez de Bernardes Melo
Você hoje lê Fábia Luna
Fala com Ricardo Prona
Não usa disputa ou pleito
Trata de exame e leito
E de vasodilatador
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Você trata de embolia
De enxerto arterial
Fala em drenagem pleural
Em estase e isquemia
Já em deontologia
Mostra que o médico é sujeito
Ao código de ética aceito
Ao qual não pode se opor
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Sobre Evandro Lins não fale
Um piauiense douto
Não fale em Vilela Souto
Sobre Rui Barbosa cale
Não cite Miguel Reale
Um acadêmico insuspeito
Um jurista de conceito
Poeta e educador
Que você é desertor
Da trincheira do direito
Hoje o que mais o seduz
Não é show, teatro ou cine
É ler Euclides Zerbini
É falar de Oswaldo Cruz
Seu negócio agora é SUS
Angina que ataca o peito
Já está ficando afeito
A tratar com morte e dor
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Nem ações nem desavenças
Salvo ações auxiliares
Como as médico-hospitalares
Pela cura das doenças
Nada de acórdãos, sentenças
Ou de juiz contra feito
Ao condenar um sujeito
Por falha do defensor
Você é um desertor
Da trincheira do direito
Nova bandeira desfralda
Dessa vez a da saúde
Mas saiba do ataúde
A vida se desgrinalda
Nada pode a esmeralda
Quando o caso não tem jeito
A morte leva de eito
Qualquer um seja quem for
Até você desertor
Da trincheira do direito
Ao menos guarde o rubi
Esta insígnia vermelha
Que lhe serviu de centelha
No seu tempo de Davi
Lutando aqui e ali
No combate ao preconceito
Disseminando o preceito
Da justiça e do amor
Que você é desertor
Da trincheira do direito
Agora em silêncio
(...)
No mundo de cá, as relações se dão na superfície. Eu fico sobre uma pedra no rio e, enquanto você estiver na outra, saudável, amoroso e alto-astral, nós nos amamos. Se você afundar, eu não mergulho para te dar a mão, eu pulo para outra pedra e começo outra relação superficial. Mas o que pode ser mais arrebatador nesse mundo do que o encontro entre duas pessoas? Para mim, reside aí todo o mistério da vida, a intenção mais genuína de um abraço. Encontrar alguém para encostar a ponta dos dedos no fundo do rio - é o máximo de encontro que pode existir, não mais que isso, nem mesmo no sexo. Encostar a ponta dos dedos no fundo do rio. E isso não é nada fácil, porque existem os dragões do abandono querendo, a todo instante, abocanhar os nossos braços e o nosso juízo. Mas se eu não atravessar isso agora, a minha arte será uma grande mentira, as minhas histórias de amor serão todas mentiras, o meu livrinho será uma grande mentira porque neles o que impera mais que tudo é a lealdade, feito um Sancho Pança atrás do seu louco Dom Quixote, é a certeza de existir um lugar, em algum canto do mundo, onde a gente é acolhido por um grande amigo. É por isso que eu tenho de ir. E porque eu não quero passar a minha existência pulando de pedra em pedra, tomando atalhos de relações humanas. Eu vou mergulhar com o meu amigo, ainda que eu tenha de ficar em silêncio, a cem metros de distância. Eu e o meu boneco de infância, porque no meu mundo a gente não abandona sequer os bonecos que foram nossos amigos um dia.
Agora em silêncio, tentando ensinar dragões a nadar.
Texto atribuído a Rita Apoena.
Texto completo: Link
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
O Juramento
Doutores em humilhação
Agredir e insultar um homem a caminho do trabalho é obviamente inaceitável. Pior quando os agressores estudam medicina
Debora Diniz* - O Estado de S.Paulo
O que há de tão grave nessa história, além da injúria racial e da agressão física a um homem inocente a caminho do trabalho? O fato de os três rapazes estudarem medicina. Esses são desvios inaceitáveis para qualquer cidadão, mas particularmente inquietantes quando seus autores são futuros médicos. Há um espaço simbólico reservado ao médico em nossa vida social: a ele cabe o conforto, a escuta e o cuidado. Há uma expectativa de acolhimento universal que não distingue cor, idade, sexo ou religião. Um pacto silencioso de confiança é o que nos move ao entrar em um consultório médico: aquela pessoa de branco diante de nós está ali para cuidar de nosso medo da morte.
Dos médicos se espera mais do que o simples cumprimento das regras fundamentais da cidadania: é preciso uma consciência ética sobre o lugar sagrado que socialmente lhes é reservado. Por isso, não pode haver médicos racistas, sexistas ou violentos. As crenças privadas de um médico são simplesmente seus valores sobre o bem viver, o que não lhes confere nenhuma autoridade para julgar ou reprimir moralmente seus pacientes. Um ginecologista, por exemplo, não tem o direito de expressar suas inquietações homofóbicas ao atender uma paciente lésbica, assim como um obstetra de um hospital público, na ausência de colegas que o substituam em um plantão, deve atender uma mulher com autorização para o aborto legal. Esses encontros atualizam a consciência ética que todo médico deve ter ao exercer a medicina.
O homem da bicicleta foi humilhado pelos três rapazes que acreditavam ser divertido agredir ou assustar pessoas a caminho do trabalho. O exercício da humilhação é um instrumento de poder dos fortes e os médicos são indivíduos com poder sobre o corpo vulnerável de um paciente. Mesmo que não estivessem ainda no exercício da medicina, os rapazes testavam os limites das vantagens conferidas pela desigualdade de classe e de raça que contornam nossa vida social. Se um dia vierem a ser médicos e ainda distantes da consciência ética sobre a dor do outro, eles terão outros homens da bicicleta como pacientes e diante deles expressarão semelhante desprezo. Certamente, não mais os agrediriam com um tapete nas costas, mas com a indiferença pelo sofrimento.
Muito se fala na humanização da medicina e das outras profissões de saúde. Essa expressão é uma forma simples de traduzir alguns dos valores fundamentais que devem acompanhar a formação ética dos futuros médicos. Um bom médico não é apenas aquele que se atualiza nas técnicas e conhecimentos sobre sua especialidade, mas é principalmente aquele que se aproxima de seu paciente e é capaz de entender as sutilezas do seu sofrimento. O reconhecimento do papel simbólico do médico está diretamente relacionado ao exercício desses atributos. Por isso, no sentido mais clássico da expressão, um bom médico exercita a nobreza de caráter.
A expulsão do curso de medicina não deve ser entendida como um ato de vingança ou de duplo castigo. Os rapazes foram submetidos a duas ordens de julgamento. A primeira foi penal e resultou na prisão temporária e no pagamento da fiança pela agressão. A segunda foi ética e anuncia um sinal importante dado por aqueles que se preocupam com a formação dos futuros médicos - há valores fundamentais à consciência ética de um médico e um deles é o respeito ao humanismo. A decisão da faculdade em expulsá-los indica que, apesar da intensa mercantilização da medicina, a ética importa para a formação médica.
Há vários desafios éticos na formação das novas gerações de médicos. O modelo brasileiro de saúde pública se vê continuamente ameaçado pela sedução mercantil da medicina dos desejos, como é o caso das cirurgias estéticas. A medicina deve ser uma prática que reconhece a universalidade da condição humana e não simplesmente o poder de consumo de seus pacientes. O medo da morte e as fragilidades que nos acompanham são parte de nossa condição humana compartilhada e desconhecem qualquer diferença que nos situem como trabalhadores negros ou estudantes brancos de uma faculdade privada.
* Antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero